terça-feira, 26 de junho de 2012

Origens de um "timinho" de guerreiros.


Numa crônica para o Jornal dos Sports, em 29 de julho de 1959, Nelson Rodrigues explicava a uma leitora tricolor porque adotara o apelido de "timinho" criado pelos rivais, para se referir ao seu próprio clube de coração. Explicou que o apelido começara no carioca de 1951,  quando o Fluminense era formado pelo goleiro castilho e uma "garotada infrene". Ninguém, nem sequer os tricolores, apostariam que aquele time do Fluminense pudesse oferecer algum perigo aos rivais, aprontar qualquer surpresa. O Vasco, por exemplo, era a base da seleção brasileira que apenas por excesso de euforia não arrebatara o mundial em 50. Mas, diria Nelson, que no futebol, o sujeito não dá um passo sem esbarrar numa surpresa, sem tropeçar numa ironia. Eis que aquele "timinho" foi batendo os adversários e o Fluminense, que não levantava um caneco desde 1946, acabou se sagrando campeão e de forma invicta. Nelson resgatava o caso de 1951, para comparar com a situação do momento. O Fluminense de 1959 também era desacreditado e, uma vez alçado à liderança, era ainda ridicularizado pelos adversários: Líderes por uma semana. De semana em semana, Nelson ainda não sabia, mas pressentia, o Fluminense acabaria se sagrando novamente campeão naquele ano.  Nelson, então, defendia que realmente colocássemos a franciscana sandália da humildade, "para a ilusão dos bobos", repetindo mil vezes: "Timinho! Timinho! Timinho!"   

Curioso que em 1951, que deu origem ao inadequado apelido de "timinho" contava com Telê Santana, o futuro bi-campeão mundial Didi e Orlando Pingo de Ouro. Outra curiosidade é que o título em questão motivou o convite para a disputa da segunda edição do mundialito organizado por Mário Filho, no ano seguinte. O Carioca daquele ano possibilitaria, então, o título de campeão do primeiro torneio de clubes reunindo equipes da Europa e da América do Sul, no ano de seu cinquentenário (saiba mais sobre o torneio aqui no blog Cultura Tricolor).

Jogo do título em 1951:
Didi, Telê, Orlando Pingo de Ouro e Róbson. Técnico: Zezé Moreira.
  • BAC: Osvaldo; Djalma e Salvador; Rui, Irany e Alaine; Moacir
Bueno, Zizinho, Joel, Décio Esteves e Nívio.Técnico: Ondino Viera.
  • Gols: Telê aos 19' e 76'
  • Expulsão: Nívio.
Jogo do título de 1959
  • FLUMINENSE 2 x 0 MADUREIRA
  • Local: Estádio do Maracanã.
  • Data: 12/12/1959.
  • Árbitro: Antônio Viug.
  • Renda: Cr$ 1.155.384,00.
  • Público Estimado: 45.000 (35.000 pagantes).
  • FFC: Castilho; Jair Marinho, Pinheiro e Altair; Edmilson e Clóvis; Maurinho,
Paulinho, Waldo, Telê e Escurinho.Técnico: Zezé Moreira.
  • MEC: Silas; Bitum, Salvador e Décio Brito; Frazão e Apel; Nair, Azumir, Zé Henrique;
Nelsinho e Osvaldo.Técnico: Lourival Lorenzi.
  • Gols: Décio Brito (contra), no 1º tempo e Escurinho no 2º tempo.
  • Obs.:Com esta vitória, o Fluminense sagrou-se campeão por antecipação, tendo sofrido
apenas seis gols em 21 jogos, antes do empate festivo por 3 a 3 na última rodada.

E aquele "Timinho" foi campeão do mundo.
 No youtube, não encontrei imagens  do carioca de 1951, mas encontrei da vitória sobre o poderoso Peñarol do Uruguai, de Gigghia, Obdulio Varela e a base da seleção uruguaia que se sagrara bi-campeã mundial em pleno Maracanã, na campanha da inédita conquista.

http://www.youtube.com/watch?v=0a_0R7eBAfc


Fontes:
1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Carioca_de_Futebol_de_1951
2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Carioca_de_Futebol_de_1959
3.http://ffc1902.com.br/v1/2010/04/01/relembre-o-fluminense-de-1951/
4. Rodrigues, Nelson. O Profeta Tricolor. Cem anos de Fluminense. São Paulo: Companhia das Letras, 2002 (edição póstuma coordenada por Caco Coelho). pp. 39-41.

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