Tira de Henfil, de 17 de junho de 1969, sobre a conquista do campeonato carioca
daquele ano pelo Fluminense.
daquele ano pelo Fluminense.
Fla-Flu de 691969. Num Fla-Flu épico que já rendeu mais de um post no blog e que inspirou Nelson Rodrigues na crônica Chega de Humildade, o Fluminense se sagrou campeão ao vencer o velho rival por 3x2, com gol de Flávio no final. Lembrados? Então vamos à visão do rubro-negro Henfil para o acontecimento.
Luta de classes no futebol Como é sabido, a paixão de Henfil pelo Flamengo era notória e estava ligada às suas convicções políticas na ideologia de assistência ao povo e na rejeição aos hábitos da elite. Henfil transpunha à esfera do futebol, a luta de classes, e os discursos ligados à defesa de direitos das massas em oposição às regalias da burguesia.
Ditadura Militar e a elite no futebol carioca
Dito isso, percebemos na construção do personagem tricolor de Henfil, um personagem afetado, cujos discursos carregavam um caricato preconceito de classe e raça, abusando de expressões em inglês ou francês. Na charge acima, chega a colocar o pó-de-arroz torturando o bacalhau (torcedor vascaíno) para que ele contasse onde o rubro-negro urubu havia se escondido na tentativa de fugir de pagar a sua aposta (em geral, botar ou chocar um ovo imenso). Prestando um pouco mais de atenção na charge, percebemos uma relação usual: 1969, tortura, esconderijo, interrogatório... isso lembra alguma coisa? Justamente é essa carga pesada que Henfil procurava retratar...neste caso aqui quem tortura é um representante da elite... acredito que seja bem possível que Henfil estivesse sugerindo a participação direta de parte da elite empresarial que financiava a ditadura. Notem bem que não estou acusando Henfil de sugerir que a torcida do Fluminense estivesse ligada aos órgãos da ditadura, mas que ele trabalhava com representações e no universo das charges esportivas, era o Pó-de-arroz e o Cri-Cri (torcedor do Botafogo) que representavam a elite dominante no universo de suas tirinhas.
Tempos de perspectiva parcial
Nelson Rodrigues já dizia em uma de suas crônicas que só acreditaria na imparcialidade do sujeito que declarasse que a própria mãe é vigarista. Se ele mesmo nunca fez questão de esconder, mas ao contrário, de declarar seu amor pelo Fluminense, no mesmo jornal, Henfil também pôde manter sua postura pró- Flamengo. Em sua tira, o rubro-negro raramente se dava mal. Quando se dava mal, havia sempre um culpado maior para pagar as suas apostas: o juiz, o técnico, um jogador.
Sobre o Fla-Flu, dignamente vencido por nós, temos nesta charge uma evidência do legítimo chororô rubro-negro... e do bom humor de Henfil, que encontrou em Armando marques o bode expiatório para o revés rubro-negro.
Sobre o Fla-Flu, dignamente vencido por nós, temos nesta charge uma evidência do legítimo chororô rubro-negro... e do bom humor de Henfil, que encontrou em Armando marques o bode expiatório para o revés rubro-negro.
Tira de Henfil, de 20 de junho de 1969, sobre a conquista do campeonato carioca
daquele ano pelo Fluminense.
daquele ano pelo Fluminense.
Em todos os cerca de cinco anos que Henfil era a voz humorística do Jornal dos Sports, foram poucas as vezes em que o Fluminense foi mencionado de uma forma que não fosse pejorativa. Uma delas, a de baixo, é de 1973, quando o veterano tri-campeão Gerson foi pôr seu talento em favor de seu time de coração: o nosso Fluzão. Muito se dizia de sua capacidade de fazer longos e precisos lançamentos, que compensavam a disposição física debilitada pelo fumo (Gerson caiu na boca do povo ao fazer propaganda de cigarro, dizendo que gostava de levar vantagem em tudo, criando o ditado popular- lei de Gerson) .
Tira de Henfil sobre o Gerson, de 08 de abril de 1973.
Tira de Henfil sobre Fla-Flus, de01 de maio de 1973.
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