"Dêem-me Ademir que eu lhes darei o campeonato." prometera o técnico Gentil Cardoso à diretoria do Fluminense. De fato, o jogador Ademir Marques de Menezes (Recife, 8 de novembro de 1922 — Rio de Janeiro, 11 de maio de 1996), conhecido por Queixada, por seu queixo proeminente, fora contratado ao Vasco e se tornaria peça fundamental no esquema tático da equipe que acabaria conquistando não qualquer campeonato, mas o super-campeonato de 1946, provavelmente o mais disputado da era pré-Maracanã. Naquele ano, Fluminense, Botafogo, Flamengo e América terminariam a competição empatados em primeiro lugar após turno e returno disputados em pontos corridos por dez equipes (além dos 4, Botafogo, Bangu, Madureira, Bonsucesso, Canto do Rio e São Cristóvão). O quadrangular final guardou para a última rodada, a decisão entre Fluminense e Botafogo em São januário. Na minha infância, ouvi muitas vezes o testemunho de meu pai, que com 14 anos foi sozinho de bonde ao estádio do Vasco pra ver seu time ser novamente campeão, e acabou presenciando uma primeira cena de violência entre torcedores. A diferença é que se tratou de um episódio localizado e se tornou um caso curioso para ilustrar os sinais dos tempos. Um torcedor do Botafogo, depois de tomar algumas doses a mais, se infiltrara na torcida tricolor e passara o jogo inteiro provocando os rivais. Hoje dificilmente alguém se atreveria a atitude tão suicida, mas na época, foi preciso muita insistência do provocador pra começar a confusão. E ainda se vangloriava de sua coragem, contando a bravata de que estava acostumado a apanhar, mostrando como troféu, as marcas de agressões passadas. Quando Ademir matou uma bola no peito e emendou um balaço, estufando as redes do adversário, o torcedor alvi-negro desabafou num xingamento não publicável direcionado ao queixada. E o insulto acabou lhe rendeu um soco de um tricolor menos humorado e mais agressivo. Depois daquilo, o torcedor botafoguense foi retirado dali e os tricolores certamente voltaram suas atenções às justas comemorações de um título precioso.
time base: Robertinho, Guálter e Haroldo; Pé-de Valsa, Pascoal e Bigode; Pedro Amorim, Simões, Ademir de Menezes, Orlando Pingo de Ouro e Rodrigues. Uma equipe altamente ofensiva que marcou 97 gols em 24 jogos.
Inspirados nas três cores que traduzem tradição, o Blog Cultura Tricolor procura oferecer ao exigente torcedor tricolor, um entretenimento à altura de seu bom gosto, com tudo que está relacionado à cultura e ao nosso tricolor: falamos de música, teatro, cinema, charges, história, artes visuais. Desse conjunto, selecionamos tudo que está relacionado aos nossos símbolos, às nossas conquistas,aos nossos ídolos e às inúmeras homenagens de ilustres tricolores.
Quem sou eu
- Flavio Pessoa
- Tricolor desde vidas passadas... mas com a lembrança mais remota de torcedor em 1983, no gol do Assis aos 45 do segundo tempo. Um começo e tanto! Interesses diversificados sobre artes em geral (literatura, cinema, teatro, música, quadrinhos, animação, artes plásticas).
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